O empreendimento de habitação social da Brangada localiza-se na encosta nascente da vila, numa zona de lenta expansão residencial delimitada inferiormente por lotes murados de habitação unifamiliar e superiormente pela proximidade da floresta.
A proposta procurou a desmassificação construtiva e a transição equilibrada do espaço urbano com o natural, implantando-se blocos longitudinais de baixa altura, assentes perpendicularmente às curvas de nível e ao arruamento existente, estabelecendo uma sucessão de espaços edificados e verdes públicos perspetivados para a vila.
No contacto com o solo inclinado, os blocos criam uma área coberta vazada pública que permite a continuidade do espaço verde e o estabelecimento de um percurso pedonal transversal de articulação do empreendimento e deste – através da consolidação de uma estreita faixa existente entre os lotes murados vizinhos – com a vila.
Os blocos adaptam-se aos limites do terreno, à topografia e à altura das construções vizinhas e relacionam-se volumetricamente entre si: cujos fatores foram recursos para o estabelecimento das tipologias, suas combinações e distribuições.
A ideia do fogo adaptável para estes blocos baseia-se no percurso a norte que organiza os compartimentos abertos a sul e remata na sala- onde se oferece a contemplação da vila- superando-se a área reduzida do programa com a ampliação da cozinha/sala através de envidraçados móveis.
Implantaram-se 11 blocos com 4 associações tipológicas distintas: seis blocos T2/T2; três T1/T3; um T3/T1/T1 e um T4/T2/T2, compondo o número e as tipologias definidas no programa municipal.
Os alçados concorrem para a lógica da proposta: o poente assume o grande envidraçado aberto ao vale e à vila; o nascente anuncia os blocos; o norte- aberto ao espaço público- reflete os acessos; o sul- rasgado- reforça a longitudinalidade do bloco na relação natureza/vila.
As paredes exteriores brancas e as caixilharias pretas clarificam os rasgamentos dos alçados e refletem também objetividade na utilização dos materiais de revestimento exteriores, extensível aos revestimentos interiores.

Local: Vila Pouca de Aguiar

Projeto/Obra: 2009/2015

Arquitetura: Carlos Costa Pinto

Desenho: CCP, Alfredo Reguengo

Estruturas, Águas residuais; Abastecimento de água, Águas pluviais, Acústica: Paulo Santa

Rede de gás; Segurança contra incêndios; Comportamento térmico; Contenção periférica: Nathalie Esteves

Eletricidade e Telecomunicações: Constança Vilela

Construtor: Costa & Carreira, Lda.

Fotografias: Carlos Sousa